sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

não vou por aí

Cântico Negro - José Régio

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre da minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas nossas veia, sangue velho dos avós,
E vós amaiso que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes carteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca princípio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!


Nunca liguei muito a poesia, nunca fui de plagiar textos de outros autores. Há sempre uma primeira vez. Chorei que nem uma Madalena a ler isto e fui capaz de apanhar toda a mensagem. Este poema diz e transmite tudo.

Hoje é um dia mau, não sei o que fazer ou pensar, mas uma coisa eu sei, NÃO VOU POR AÍ!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

crescer

Sempre tive medo de crescer, sempre adorei ser criança. Os tempos inocentes do colégio, os tempos em que desenhávamos diariamente com pedaços de tijolo um jogo da macaca no chão da rua em frente à minha casa e que juntamente com a minha vizinha jogava até ser noite, os tempos em que era tão bom fazer festas do chá com a melhor amiga ou quando dançava ao som dos Santamaria. Sempre gostei de bonecas, de chupas, rebuçados, maquilhar-me e usar saltos altos da minha mãe. Queria ser grande sem ter de crescer, consigo ver isso agora.Acho que só dei que estava a crescer quando a minha mãe me disse que estava na hora de retirar todas as minhas bonecas de porcelana das prateleiras. Olhei à volta e pensei ‘eu cresci, estou a crescer, não há nada a fazer’. Ter de tirar dali aquelas bonecas era o fim, era como terem de me arrancar a alma de criança. Teve de ser aos poucos, por etapas, mas fui eu quem as tirou de lá. Gostava tanto daquelas bonecas, tinha tantas, uma de cada tipo. Guardei-as no sótão e ao guarda-las recordei a história de cada uma delas. Cresci, não acho piada a isso mas vou ter de aprender a ser feliz. Isto tudo deve ter-se dado quando tinha à volta dos 12 anos e a partir daí sinto que o tempo passou a correr..!

Devo dizer que crescer tem o seu lado positivo. Conhecer novas pessoas, novos amigos, a primeira liberdade a par com o primeiro amor. E devo dizer que não há nada como o primeiro amor. Tudo tão inocente, tão verdadeiro, tão puro. Fazia tudo por ele, fazia tudo por poder levar aquela relação avante. Durou 3 anos e posso dizer que tudo foi como devia ser, tudo foi como quis, como sonhei. Um abraço dizia tudo aquilo que as palavras não eram capazes e o sorriso era capaz de mover montanhas. Acabou, soube por um ponto final nisso. O mais importante foi ter tirado partido dos óptimos momentos que tivemos juntos e continuar com uma boa amizade.
Seguir em frente nunca é difícil, segui em frente e arrumei tudo no sítio, o tempo é um óptimo amigo. Agora tenho de ser feliz, aproveitar o meu novo amor, o meu amor mais maduro. Igualmente verdadeiro, mas não tão inocente, baseado em algo bem mais conciso mais trabalhado e apesar de eu por dentro ser a mesma criança que aos 13 anos, já vivi muito mais, já aprendi muito mais com os erros. O amanhã será o tempo a dizer, mas continuo sem querer crescer!

domingo, 15 de novembro de 2009

depois do amor

Estava aqui sentada na cama a tentar escrever um texto para o meu irmão levar para a escola e não me saía uma única ideia, para escrever a porcaria de uma página tive mais de uma hora em frente do computador a inventar montes de coisas sem lógica nenhuma. Depois de despachar o miúdo, fui de visita ao blog do meu melhor amigo feita cusca e vi lá um tema que o parvo não desenvolveu que se intitulava ‘after the love’, ora não havia tema nenhum melhor para eu desenvolver do que isto.

Muito bem. Depois do amor. Tanto para dizer. Organizar ideias. Recomeçar. Vamos lá..

Como já disse em post’s anteriores quando acaba uma relação e se a pessoa foi parva como eu acha que todo o mundo acaba também, mas nem sempre é assim, ou melhor, não pode mesmo ser assim. Há muitas maneiras de se cair e mais maneiras ainda de nos levantarmos. A vida há milhares de voltas e não há nada melhor do que aproveitar essas voltas que a vida dá. Lutando contra todos os outros obstáculos que ela nos põe pela frente.

Depois do amor? Melhor dizendo, depois de um amor. Depois de um amor há-de vir outro, fazendo sempre figas para que seja desta, para que desta vez não seja como o anterior e que desta vez corra de facto bem. É isso que espero sempre com do amor, é isso que vou sempre esperar.

Diz um livro que eu adoro: ‘Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos [..] Tu tornas-te eternamente responsável por aquilo que cativas’. Isto para dizer que não posso esperar que pelo meu percurso vá agradar a toda a gente, mas hei-de agradar a quem me cativar :D

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

amor verdadeiro?

Já diz a minha avó, e com toda a razão devo dizer, ‘já não se fazem homens como antigamente’ e digo mais: e mulheres também não. Aliás, acrescento ainda, já não há amores como os de antigamente. Antes era tudo tão absoluto, tão verdadeiro. Pelo menos aparentemente sim. O que era facto é que duravam e duravam e quando casavam era para a vida, era por amor. Amor esse que deve ter ficado algures no friso cronológico porque com o passar dos tempos o tal ‘amor eterno’, o ‘felizes para sempre’ e a típica frase ‘até que a morte nos separe’ deixou de fazer sentido. Cada vez se casa mais tarde e se separa mais cedo. Tão simples quanto isso.

Na nossa vida há sempre um alguém que nos faz vibrar o coração, que mesmo estando longe nos faz sorrir, que nos faz sentir adorados tal como somos. Lembro-me de em conversa com amigas elas contarem que os namorados quando elas perguntavam ‘porque é que gostas de mim?’ respondiam ‘porque és linda, porque isto, porque aquilo..’ e lembro-me tão bem de ter respondido que para mim a melhor resposta que alguém podia dar era ‘porque sim. Não sei porque, mas gosto’. É a coisa mais verdadeira e mais simples que alguém pode dizer. Isto tudo para dizer que há uma pessoazinha que sabe como preencher aquele cantinho do coração, que em vez de gostar de mim por ser simpática gosta de mim quando estou rabugenta, que em vez de gostar de mim pelos mimos que lhe dou, gosta de mim quando falo mal dele. Gabo-lhe a paciência, mas realmente gosto tanto dele. Perdi a conta das birras que já fizemos, perdi a conta de quantas vezes dissemos ‘adeus’ e ‘acabou’ mas o mais engraçado é que nem 5 minutos depois algum diz ‘vá já chega, não dá para estar assim’. E não dá mesmo.

Quero estar ao teu lado quando fores um velho rabugento, quando tiveres pelos nas costas e usares placa. Quero estar ao teu lado quando bateres com o carro e quando partires alguma coisa em casa. Não quero ser tua só para as coisas boas, preciso de ti nos maus momentos também. És rabugento, convencido, mal disposto e insensível. Mas eu gosto tanto de ti assim <3

terça-feira, 3 de novembro de 2009

nova oportunidade

Tal como na expressão ‘ quando se fecha-se uma porta e abre-se logo uma nova janela’ as coisas mudam em todos os sentidos. Quando anteriormente me vi a escrever sobre o bom de ser ignorante e disse que por vezes o melhor é não se saber, é não se ver, descobri que eventualmente há excepções, muito boas excepções. Enquanto não vi o que tinha a ver andava na remota esperança de que até fosse mentira e ia sempre pensando ‘merda de boatos sem cabimento, isso é coisa de pessoas que não têm vida e resolvem falar dele. Ele não é nada assim’ mas o que é facto é que é. E não há nada melhor do que bater com a cabeça mesmo com a força toda só assim se cai de rabo, se olha para cima e se repara no que se anda a perder. E eu andava a perder muito. Já vi que não vale a pena perder tempo a chorar sobre o leite derramado. Acabou? Paciência, não era único no mundo. Muito pelo contrário, cabrões desses há a pontapé e não fazem falta absolutamente nenhuma. Que posso eu dizer? Que mais posso fazer? Esperar por uma nova oportunidade e procurar um ajanela que algures deve estar aberta para mim :D

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

o lado bom de ser ignorante

Inspiração? Não me falta inspiração. Agora só falta mesmo aquele click que me consiga fazer transmitir aquilo que tenho cá dentro para um texto. Num qualquer dia normal não seria difícil, mas hoje não posso considerar que seja num desses dias -.- infelizmente, sim porque não havia dia mais certo para desabafar tudo do que hoje.
Chamem-me o que vos apetecer, falem sobre o que quiserem e daquilo que bem entenderem, não estou nem aí para me preocupar com aquilo de que se fala. Sou notícia do dia? Muito bem, pelo menos lembram-se que existo. Qual o assunto? Não sei, mas é que nem quero saber.
Finjo que não ouço e que não vejo certas merdas que se passam á minha volta, mas ainda mais repugnante é ter de fingir que não sinto. Mas adiante, há certas alturas em que nada mais sabe melhor do que fingir. Fingir-se ignorante é então o meu favorito. Sim, porque ser ignorante tem o seu lado bom, tal como tudo na vida. Poupo-me a tantas chatices, a tantos desgostos, a tantos arrependimentos e rancores. Costumam dizer que sou difícil de aprender com os erros, que quando gosto nem que bata cem mil vezes com a cabeça na parede eu sou capaz de ver que não dá para passar por ali, acho sempre que é possível, acho sempre que para a próxima pode ser que seja capaz. O que chamar a isto? Não é amor, muito menos amor-próprio pois disso aí tá um bocado escasso. É a mais pura ignorância, a mais pura maneira de tentar que as coisas corram bem. ‘Olhos que não vêm coração que não sente’ sempre ouvi isto e de facto faço de tudo para que os olhos não vejam.Vêm contar-me coisas, mas porque ouvir? As coisas acontecem mesmo por baixo do meu nariz, mas porque reparar mesmo nelas? Acreditar que um dia até poderei vir a ser feliz com aquela pessoa de quem tanto gosto é ser realmente parva, já nem lhe chamo ignorância. Depois de tanta merda houve ainda um fim-de-semana, não foi um fim-de-semana qualquer porque este foi algo soberbo, fiquei estupefacta com tanta delicadeza, com tanto amor e carinho com tantas brincadeiras e atenção. Foi preciso acabar o fim-de-semana e dar de caras com tal personagem, que tanto bem me tinha feito durante estes dois dias, a fazer-se a uma qualquer loira. Mas vá eu continuo sempre a bater na mesma tecla, continuo sempre até ela se gastar.
Talvez haja um bom lado de se ser ignorante, só não creio que o meu seja o melhor. Mas vou vivendo, mal mas vivendo.



P.S.: Lamento Rui, meu melhor amigo e meu grande amor, sei que este tema tinha sido proposto por mim mas para seres tu a escrever, mas sei que não vais levar a mal por me amares tanto :p és tudo meu totó e acho que se não fosses tu aquelas cem mil vezes com que bato com a cabeça na parede seriam pelo menos umas três mil vezes. tenho o melhor amigo de todo o mundo e isso tenho a certeza de que não há ignorância nenhuma no mundo que seja capaz de o roubar de mim. Um GRANDE ORIGADA por tudo e por mais alguma coisa. One love @

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

bons, bons velhos tempos

Já dizia o amigo José Cid e passo a citar ‘Eu só queria mais um dia para viver essa paixão’. Acho que bastava um dia. Pelo menos a mim chegava perfeitamente para poder dizer tudo aquilo que ficou por dizer, por fazer o que ficou por fazer e para fazer sentir aquilo que não fiz sentir da melhor maneira.
De facto somos sempre a mesma merda, quando temos não damos valor e quando acaba é como se tudo acabasse com isso, como se o mundo desabasse de uma só vez sobre a nossa cabeça. Há coisas que vão muito além do entendimento humano e isto do amor, ou lá o que lhe possam chamar, é uma delas. Nunca vou perceber, vai sempre passar-me ao lado. Mas tudo bem, possivelmente é apenas porque ainda não chegou o momento. Prefiro acreditar nisso, cada pessoa é livre de acreditar em parvoíces.


É exactamente nestes momentos que sinto falta dos tempos inocentes em que ainda andava no colégio. Poucos eram os rapazes que lá haviam mas lembro-me perfeitamente de dois deles andarem à porrada por causa de mim. Sério, faziam altas disputas ao ponto de no dia dos namorados um me ter oferecido uma rosa e um postal e o outro uma colecção de cromos. Grandes cromos me saíram eles, nisto acabou-se o quarto ano, saí do colégio e nunca optei por nenhum. Perdeu-se o contacto por uns anos e agora passamos na rua e já há um sorriso. Bons, bons velhos tempos. Aqueles tempos tão simples em que uma flor ou uma colecção de cromos serviam para provar um amor : )

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

mais do mesmo

Tenho alturas na minha vida em que acho tudo perfeito, colorido e cheio de coisas boas para dar. Em que acho que o amor pode vencer, que pode sempre vencer tudo, até as más recordações de um passado que ficou muito aquém das expectativas que eu crio, expectativas essas que eu tenho sempre aquela tendência para tornar cor-de-rosa, típica de um romance pronto a ganhar um Óscar. Quando me apaixono tudo tem de ser puro e verdadeiro, entrego-me de corpo e alma como se tivesse ainda 14 anos e estivesse a viver o primeiro amor, desprendo de tudo e é como se começasse a viver a vida de novo. Sou uma romântica incurável que acredita sempre no amor, que desperdiça semanas a inventar um novo desgosto. Para mim é tudo absoluto: gosto é de cartões parvos, passeios de mãos dadas, flores, longas horas de conversas muitas vezes sem o mínimo significado, promessas de amor que sabemos à partida que mais e metade não se cumprem.
Tenho andado fascinada com um olhar, com um sorriso, com um abraço, com um pequeno contacto. Mais uma vez entusiasmei-me, mais uma vez o mundo me caiu aos pés todo de uma vez. Não sei como faço isto, juro que não sei. Mas também juro que um dia vou descobrir.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Apresentação.

Começando por falar de mim, considero-me normal como qualquer outra pessoa prestes a completar os 18 anos de idade. Tenho os meus medos, tenho as minhas hesitações, mas tudo faz parte de uma vida recheada de emoção.
Gosto da vida e acima de qualquer coisa adoro poder leva-la na brincadeira, sei que um dia isso vai ter de ser moderado mas para já considero a vida como sendo um videojogo. Reparando bem: temos de saltar as barreiras que a vida nos vai impondo, temos os obstáculos que nos são tão vitais para ultrapassar, há sempre vilões e as fadas madrinhas não são como esperamos que sejam, temos sempre um objectivo que nos é dito logo de inicio que nada fará sentido sem o concluir. Tendo também uma grande diferença, vida só temos uma, apesar de podermos sempre recarregar baterias!
Como já deve ter dado a perceber um bocadinho, vivo para lá do mundo da lua. Gosto de continuar a viver a vida com a emoção que tinha aos cinco anos de idade e nos ofereciam um rebuçado.
Sou muito presa ao passado e às recordações e tenho o mar como melhor amigo.